ABIMDE
Investimentos na área podem chegar a R$ 600 bilhões no país, até 2030; Fiep estuda criação de comitê para debater desenvolvimento do setor no Estado
Com investimentos que podem chegar a R$ 600 bilhões até 2030 para o reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras e criação de sistemas de segurança, a indústria da defesa apresenta grande diversidade de oportunidades para as empresas nacionais. Um panorama geral dessas oportunidades, que podem ser aproveitadas também pelo setor industrial paranaense, foi apresentado nesta segunda-feira (21), em Curitiba, durante o fórum “A Indústria de Defesa no Estado do Paraná”. Promovido em parceria entre e Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e o governo do Estado, através da Secretaria da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul (Seim), o evento reuniu representantes do Ministério da Defesa e empresário de diversos segmentos.
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“São cifras astronômicas a serem investidas nesta área para que o Brasil não tenha dependência de fornecedores e tecnologias estrangeiras, o que abre grandes oportunidades para a indústria paranaense e brasileira”, afirmou o presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, que participou do fórum. “Já temos algumas indústrias desta cadeia produtiva aqui no Paraná, mas queremos intensificar e melhorar ainda mais esse setor para gerar oportunidades às empresas”, completou.
Segundo Campagnolo, a Fiep, que já possui Conselhos Temáticos e Setoriais que debatem o desenvolvimento de diferentes áreas ou cadeias produtivas, estuda a possibilidade de criação de um comitê voltado especificamente para a indústria de defesa. “Faremos um grande esforço para que este trabalho não fique apenas nesta tarde”, declarou.
O vice-governador Flávio Arns, que também acompanhou o fórum, disse que o Estado tem interesse em impulsionar a indústria de defesa no Paraná. “Precisamos de um mecanismo de organização do sistema de defesa brasileiro, o que passa pelo desenvolvimento de tecnologia e de uma indústria, gerando oportunidades de pesquisas para as universidades e de geração de empregos para o Estado”, afirmou. “A participação ativa da Fiep nesse processo é fundamental”, completou Arns.
O general-de-divisão Aderico Mattioli, diretor de Ciência e Tecnologia Industrial da Secretaria de Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, explicou durante o fórum que os investimentos para o reaparelhamento das Forças Armadas têm como base a Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2008 e que já passou por uma revisão. Segundo o militar, um dos eixos estruturantes do documento é justamente o desenvolvimento de uma Base Industrial de Defesa (BID).
No ano passado, com a regulamentação da chamada Lei da BID (Lei 12.598/2012) foram criados novos mecanismos para compras, contratações e desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa no país. Além de instituir um marco regulatório para o setor, a norma traz a possibilidade de credenciar Empresas Estratégicas de Defesa (EED), homologar Produtos Estratégicos de Defesa (PED) e mapear as cadeias produtivas do setor. Também diminui o custo de produção de indústrias legalmente classificadas como estratégicas e estabelece incentivos ao desenvolvimento de tecnologias consideradas indispensáveis ao Brasil.
“Poucos países abaixo da linha do Equador têm autossuficiência tecnológica dentro de seu próprio país. Nós podemos ter autossuficiência na nossa base industrial completa”, afirmou Mattioli, acrescentando que a interação com o setor industrial, possibilitada em eventos como o fórum desta segunda-feira, é importante para o sucesso desse processo. “Muitas vezes percebo que as pessoas dizem que investir em defesa é um recurso que não tem retorno. Mas é um equívoco. Essa área é alavancadora e o que se investe, tem um retorno muito grande”, completou, referindo-se ao desenvolvimento tecnológico proporcionado pelas pesquisas na indústria de defesa, que se espalha para outras áreas, e aos empregos e receitas geradas nas empresas.
Gambôa explicou que a Abimde possui 227 empresas associadas em todo o Brasil, que geram 30 mil empregos diretos e outros 120 mil indiretos. No total, o faturamento dessas companhias somou US$ 4 bilhões em 2013. O Paraná possui, atualmente, nove empresas associadas à entidade.
Diversidade
Durante o fórum realizado pela Fiep e o Governo do Estado, os representantes das Forças Armadas deixaram claro que os investimentos para reforçar o sistema de defesa do país abrangem uma gama bastante diversificada de produtos. As aquisições vão desde equipamentos sofisticados, como caças, veículos blindados de combate, navios de guerra, mísseis, radares e sensores, até produtos com menos tecnologia embarcada, como munições não letais, redes camufladas ou alimentos preparados, entre tantos outros.
O general de brigada José Fernando Iasbech, 4º subchefe do Estado Maior do Exército, citou alguns exemplos de equipamentos que a corporação precisa adquirir nos próximos anos. Segundo ele, existe uma grande demanda reprimida de uma série de itens, incluindo 44 mil coletes balísticos e 73,5 mil redes de camuflagem. “Assim como temos equipamentos de alto conteúdo tecnológico, existem equipamentos de menor valor agregado, com grandes oportunidades para a indústria”, disse.
Iasbech também apresentou detalhes sobre o projeto Proteger, em que devem ser investidos quase R$ 10 bilhões nos próximos anos para criação de um sistema de proteção da chamada infraestrutura crítica do país. Segundo o general, foram mapeadas 644 estruturas consideradas fundamentais para o país, incluindo usinas hidrelétricas, linhas de transmissão de energia, refinarias de petróleo e sistemas de transportes, comunicações e fornecimento de água, entre outras.
O Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) é outro projeto que receberá grande investimento – quase R$ 12 bilhões – e que vai demandar uma série de produtos industrializados em dez anos. A intenção do Exército é criar um sistema de monitoramento e sensoriamento dos quase 17 mil quilômetros de fronteiras terrestres que o Brasil possui com dez países. “O Sisfron é um sistema de apoio à decisão e à atuação integrada de diversos órgãos, para fortalecer a presença e capacidade do Estado na faixa de fronteira”, explicou o general Carlos Roberto Pinto de Souza, comandante do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CCOMGEX). Segundo ele, a intenção é que os produtos demandados pelo Sisfron – como sensores, radares e equipamentos de comunicações, entre outros – tenham pelo menos 75% de conteúdo nacional.
Sérvia
Quem também participou do fórum “A Indústria de Defesa no Estado do Paraná” foi o embaixador da Sérvia no Brasil, Ljubomir Milic, que apresentou a experiência da indústria de defesa de seu país. “Somos um país pequeno, mas que está na lista das indústrias bélicas, o que significa que temos conhecimento”, declarou. De acordo com o embaixador, a Sérvia tem possibilidades de fazer parcerias com o Brasil em diversas áreas ligadas à defesa, inclusive em medicina militar. “Reconhecemos o Brasil como um país pacífico e queremos atuar com ele em operações de paz, com a possibilidade de desenvolvimento conjunto de produtos nessa área”, disse.
Ainda durante o fórum, o gerente da área de comércio exterior do BNDES, Guilherme Pfisterer, apresentou linhas de crédito do banco que podem ser utilizadas pela indústria da defesa; e o gestor de projetos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Márcio Almeida, falou sobre iniciativas da instituição para dar visibilidade à indústria de defesa nacional no exterior.
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