ABIMDE
No último dia 06 de fevereiro, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realizou a segunda reunião plenária de 2024. Mais uma vez a programação privilegiou o formato on-line, com participação de associadas e convidados e contou com apresentação da Marinha do Brasil.
Na abertura, o presidente do Conselho Diretor da ABIMDE, Dr. Roberto Gallo, agradeceu a presença de todos destacando a parceria da Base Industrial de Defesa e Segurança com as Forças Armadas e enaltecendo as boas relações com a Força Naval.
A apresentação teve início com o Diretor-Geral do Material da Marinha (DGMM), Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa, com a palestra “Projetos Estratégicos da Marinha - Oportunidades para a Base Industrial de Defesa”.
O Almirante Edgar, que assumiu a função em novembro passado, destacou a importância desta aproximação com a Base Industrial de Defesa. Em seguida, disse que a DGPM é uma organização militar com 55 anos de vida e citou os temas de sua palestra: construção, manutenção, programas de projetos de interesse da BID, e o cluster tecnológico naval.
Construção
Ele explicou que o principal programa de obtenção de meios de superfície da Marinha atualmente é o Fragatas Classe Tamandaré, que desde o ano passado passou a integrar o programa de aceleração do crescimento (PAC) do governo federal. A Fragata Classe Tamandaré (PAC) é formada por uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis, que inclui as empresas Embraer, Atech e Thyssen Krupp.
O Almirante exemplificou o cronograma para a construção de quatro fragatas: o primeiro navio é a Fragata Tamandaré, que em março passado teve o batimento de quilha. As outras três embarcações previstas são: Jerônimo de Albuquerque, Cunha Moreira e Mariz e Barros. A segunda fragata começou a ser construída em novembro, com o corte da primeira chapa.
Segundo o Almirante Edgar, o programa de construção de fragatas traz uma oportunidade de negócios para a BID, já que terá de ser definido um modelo de gestão de manutenção que, certamente, terá algum tipo de terceirização que poderá envolver empresas associadas da ABIMDE.
Outro projeto citado foi a construção do Navio Polar (NPo) “Almirante Saldanha”, que recentemente teve a cerimônia de batimento de quilha da embarcação, no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo. O NPo culminará com a construção, pela primeira vez no Brasil, de um navio polar inteiramente construído no país, com capacidade de operar nas águas geladas da região Antártica.
O oficial-general citou também o Programa de Obtenção de Navios-Patrulha (PRONAPA), que no ano passado foi incluído no programa de aceleração do crescimento. O PRONAPA prevê 11 navios do modelo NPa 500-BR de 500 toneladas, que serão construídos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ).
“Temos a intenção de construir novos navios com programa e projeto brasileiros, intermediados pela ENGEPRON e sendo projetados pelo Centro de Projetos de Sistemas Navais (CPSN). Mais uma vez, muitos aspectos da construção do navio têm tido a necessidade de buscar empresas terceirizadas para a parte estrutural, elétrica e de diversos outros segmentos”, ponderou.
Marcando a retomada da construção naval pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), o Almirante falou sobre a entrega do Navio-Patrulha (NPa) “Maracanã”, construído com a missão de contribuir para a segurança do tráfego marítimo e para a defesa dos interesses estratégicos brasileiros na Amazônia Azul.
Outro marco importante abordado foi o acordo, assinado entre a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro, para a fabricação de Lanchas de Operações Ribeirinhas batizadas de “Excalibur”. Serão construídos quatro exemplares de amostra da Embarcação Blindada pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. “Parte desta mão de obra para construir estas lanchas será terceirizada pelo Arsenal de Marinha”, incentivou.
Gestão de manutenção
O Diretor-Geral do DGPM explicou que a Marinha está se reestruturando sobre o modo de desenvolver, de forma assertiva, a gestão de manutenção, principalmente dos seus meios navais e aeronavais, sendo necessária uma reestruturação no setor do material.
“Isso tem trazido resultados na melhora da eficácia na manutenção, temos tido a participação do Estado-Maior da Armada na centralização das necessidades de manutenção do setor operativo e do setor de navegação, com a execução do setor do material,” revelou.
Em sua apresentação, ele falou sobre os empreendimentos iniciados pela Marinha, como a Câmara de Nacionalização, iniciativa da EMGEPRON lançada durante a LAAD 2023, que irá proporcionar um ambiente específico para aproximar as indústrias de defesa e do setor naval das demandas dos Programas Estratégicos da Marinha do Brasil.
“O propósito é o estabelecimento de um fórum de colaboração para fortalecer o desenvolvimento das empresas locais nos programas. A ideia de instituir essa câmera foi facilitar esse intercâmbio entre as associadas da ABIMDE. E nós temos essa possibilidade de aumentarmos cada vez mais a capacidade de termos sobressalentes e conseguirmos fazer reparos com a própria indústria de nossa base industrial brasileira”.
Outros programas
Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz)
O Almirante também destacou o projeto de obtenção da primeira Unidade de Vigilância (UV) do SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul). A SIATT, empresa especializada na integração de sistemas de alto teor tecnológico, em parceria com a BEN (Bureau de Engenharia & Negócios), constituiu o Consórcio Miramar, vencedor da concorrência para o projeto.
A empresa será responsável por toda a implementação da UV, incluindo instalação, integração dos sensores e comunicação de dados. A unidade será construída nas proximidades do Farol de Castelhanos, na Ilha Grande, no Rio de Janeiro.
“Temos como desafio dar prosseguimento da instalação de outras unidades de vigilância no Brasil, principalmente onde temos maior tráfego marítimo. Outro ponto de atenção será a integração de comando e controle dessas informações que vamos receber”.
O Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP) também foi tema da apresentação. Em junho passado, a Diretoria de Sistemas de Armas (DSAM), e o Grupo EDGE, conglomerado da área de defesa dos Emirados Árabes Unidos, assinaram uma parceria de cooperação para o desenvolvimento de um modelo de negócio sustentável de uma família de mísseis antinavio. Serão realizados dois lançamentos do MANSUP em 2024, considerados importantes para continuidade da validação do sistema de propulsão.
O "Fênix", outro projeto exemplificado pelo Almirante, nasceu da necessidade de atualizar o SICONTA MK II, um Sistema de Gerenciamento de Combate que possibilita a integração dos sensores e dos armamentos das Fragatas Classe “Niterói” (FCN) e faz a compilação do cenário tático, proporcionando uma tomada de decisão de ataque e/ou defesa mais precisa e assertiva.
O próximo projeto anunciado se refere a sistemas de aeronaves remotamente pilotadas (SARP). A Marinha fez a aquisição do SARP ScanEagle, empregado em seus navios e, no ano passado, foi realizado o comissionamento desse equipamento no Navio-Patrulha Oceânico (NPaOc). Futuramente será feita a instalação do SARP no navio aeródromo multipropósito Atlântico.
“Nós também celebramos um contrato de suporte Logístico para apoiar os reparos e substituição de novos itens para o ScanEagle, que é o primeiro SARP que temos embarcado na Marinha”, explicou.
O Almirante Edgar mencionou ainda o projeto THX, de fornecimento de aeronaves H125 em substituição as aeronaves Garça, que são empregadas para a formação de pilotos da Marinha, em São Pedro da Aldeia, e o de modernização dos sistemas das estações radiogoniométricas da Marinha. Essas estações têm como objetivo principal a localização de sinais de rádio, especialmente os emitidos por embarcações, aeronaves ou outras fontes, para fornecer informações importantes para as operações navais.
Os terminais móveis navais satelitais foram outro destaque da apresentação. Conceitualmente, são dispositivos de comunicação utilizados em embarcações, navios ou plataformas marítimas para estabelecer conexões de comunicação via satélite. Esses terminais são projetados para fornecer conectividade em regiões onde as redes terrestres tradicionais podem ser limitadas ou indisponíveis.
Por fim, o Almirante Edgar destacou o Cluster Tecnológico Naval, que mantém reunidos empresas, instituições de pesquisa, universidades e organizações relacionadas, que colaboram e se especializam no desenvolvimento de tecnologias e inovações para a indústria naval. “A ideia é agrupar indústria, serviços e atividades ligadas à economia azul. Tudo isso para alavancar o desenvolvimento econômico relacionado ao mar”, descreveu.
O Cluster Tecnológico Naval – RJ é uma associação civil sem fins lucrativos que busca mais produtividade, melhor desempenho e prosperidade dos negócios localizados no estado do Rio de Janeiro e que compõem as cadeias produtivas relativas aos setores da economia do Mar.
Ao encerrar sua apresentação, o oficial-general ressaltou sua satisfação em falar para as associadas da ABIMDE. “Mais uma vez obrigado pela oportunidade de tratar dos programas estratégicos da Marinha, principalmente do setor do material. Estamos de portas abertas para atender as associadas da ABIMDE para que possamos evoluir cada vez mais a capacidade das nossas Forças Armadas”.
Em complemento ao tema, o presidente-executivo da ABIMDE, general Aderico Mattioli disse que a Marinha tem um transbordo tecnológico forte por trabalhar com sistemas altamente complexos. “Nós estamos possivelmente entre as 10 melhores capacidades do mundo e isso se deve em grande parte à área naval da nossa Marinha”, destacou.
Em seguida, o vice-presidente do Conselho da ABIMDE, diretor-presidente da AMAZUL, e membro fundador do Cluster Tecnológico Naval com participação no Conselho, Newton de Almeida Costa, orientou que as associadas da ABIMDE que desejem se associar façam contato pelo e-mail clusternaval@clusternaval.org.br. O presidente do Cluster é o Almirante Walter Lucas da Silva.
Atualizações ABIMDE
Na sequência, o general Mattioli iniciou as atualizações da ABIMDE destacando três temas: o DFARS, a agenda Legislativa da CNI e o B20.
O D-FARS (Suplemento ao Regulamento de Aquisição Federal de Defesa) é um conjunto de regulamentações suplementares aplicadas ao Federal Acquisition Regulation (FAR) dos Estados Unidos. Ele estabelece requisitos específicos que os contratados do governo dos EUA na área de defesa devem cumprir, o que inclui: produtos e serviços finais, produtos e serviços intermediários, e insumos.
“Lá em 2019, tivemos uma associada que nos provocou com relação às dificuldades comerciais e óbices legais enfrentados pelo Brasil por não fazer parte da regulamentação do D-FARS. O tema foi levado à SEPROD, discutido e encontra-se na reta final para assinatura desse convênio. O MD solicitou a diversas entidades que se manifestassem a respeito desse tema e nós ratificamos o nosso posicionamento favorável ao acordo”, explicou.
O general acredita que o Brasil está a um passo de conquistar esse convênio. Ele agradeceu o posicionamento da CNI (Condefesa) sobre o tema e ao Ministério da Defesa na condução desse processo que irá para a consulta pública este ano e possivelmente seguirá para a assinatura.
Já, em relação ao B20, fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20 – grupo formado pelas principais economias do mundo, o general esclareceu que a Confederação Nacional da Indústria é a entidade que representa o setor privado brasileiro.
O B20 Brasil estabeleceu sete forças-tarefa e um conselho de ação, dedicados a áreas específicas que ressoam o lema “Crescimento Inclusivo para um Futuro Sustentável”. Com este lema, o B20 Brasil deseja focar as discussões e recomendações em cinco eixos centrais:
- Promover o crescimento inclusivo e combater a fome, a pobreza e as desigualdades;
- Promover uma transição justa para zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa;
- Aumentar a produtividade por meio da inovação;
- Promover a resiliência das cadeias globais de valor;
- Valorizar o capital humano.
Quanto à Agenda Legislativa da CNI, a ABIMDE, alinhada com outras associações propôs a inclusão da PEC 55/23, conhecida como PEC da Previsibilidade.
Próximos eventos
Na agenda de eventos da ABIMDE, o general destacou os próximos que estão para acontecer. Primeiro, as reuniões internas da ABIMDE, as Assembleias Gerais: Ordinária e Extraordinária, programadas para os dias 28 de fevereiro e 21 de março, respectivamente.
A seguir, os eventos em que a associação irá participar: a LAAD Security & Defense, que acontece de 2 a 4 de abril, em São Paulo; a FIDAE 2024, entre os dias 9 e 14 de abril, em Santigo, no Chile; e a Expo Defense em Santa Catarina, nos dia 16 e 17 de maio, em Florianópolis. “Gostaria de reforçar a importância desse evento regional que tem alcance nacional e que está muito bem desenhado com relação a capacidades tecnológicas”, incentivou.
Além disso, o general falou sobre o ciclo de workshops que será iniciado este mês. No dia 21 de fevereiro, o tema de estreia será “Cadeia Global de Suprimentos e seus Desafios”, ministrado pelo general Ivan Ferreira Neiva Filho.
Os workshops acontecem uma vez por mês, sempre com temas relevantes para a Base Industrial de Defesa e Segurança. Em março, o workshop será sobre: “Desafios e Oportunidades: Como Atender as Exigências da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)”.
Mostra BID Brasil 2024
A Mostra BID Brasil é um dos mais importantes eventos do segmento de defesa e segurança do país. De acordo com o general Mattioli, o foco da feira é apresentar conteúdo nacional. “Primeiro precisamos conhecer nossa base para depois projetarmos essas capacidades, principalmente em Brasília, onde temos as embaixadas e os Ministérios, que são os nossos grandes consumidores”.
O diretor-executivo da ABIMDE, coronel Armando Lemos, incentivou as empresas a entrarem em contato para reservar seu espaço, já que praticamente 70% dos espaços já foram comercializados. “Esta é uma das principais exposições de empresas nacionais de defesa e segurança do país,” disse.
Realizada pela ABIMDE, a mostra conta tradicionalmente com apoio da Apex-Brasil, reúne os maiores players do mercado e promove uma agenda de negócios, networking e é marcada por constantes inovações tecnológicas.
Novas associadas
Na segunda plenária do ano foram apresentadas duas novas associadas. São elas:
Clavis BBR Consultoria em Informática
A Clavis atua há 18 anos na área de Segurança da Informação, oferecendo um portfólio de serviços e soluções para segurança, privacidade de dados e conformidade para organizações de todos os portes, sendo seus principais serviços: Centro de Operações de Segurança (SOC), soluções SIEM, soluções de gerenciamento de vulnerabilidade e soluções de compliance (LGPD, ISO 27001, ISO 27701, PCI DSS, entre outros).
Harpy Vision Tecnologia e Defesa
Há mais de cinco anos no mercado, a Harpy Vision Tecnologia e Defesa mantém seu compromisso com o avanço tecnológico no setor de defesa. Ao reconhecer a importância crítica da segurança, a empresa anunciou o lançamento de um equipamento de inovação em proteção balística: as Placas Balísticas Nível III++, que está em processo de homologação. O produto é capaz de resistir a um espectro específico de munições M193, M80, M43, SS109/M855, M855A1.
Encerramento
Ao final da plenária, o Dr. Gallo, agradecendo a participação de todos, destacou a oportunidade dos participantes em entender os programas estratégicos da Marinha e disse que em breve convidará as demais forças para falar sobre seus programas estratégicos, as novidades e a previsão orçamentária do ano.
Atendimento ao Associado
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